Como cortar o áudio de maneira imperceptível com ajuda da linguística!

O corte no áudio, se mal feito, escancara o erro que justamente tentávamos encobrir. Ainda por cima, como ninguém sabe qual erro foi cortado, só o que se percebe é o erro do próprio editor.

Alguns problemas fundamentais ao cortar o áudio são:

- Não deixar respiros

- Não suavizar o corte

- Aplicar a transição errada

- Cortar na letra errada

Primeiramente, em relação aos respiros, não podemos esquecer que a fala humana tem pausas naturais. Portanto, se for preciso cortar o som da pessoa retomando o fôlego, é preciso tomar o cuidado de deixar uma pausa, ainda que não da duração desse fôlego.

O corte também precisa ser suavizado, especialmente se ocorrer no meio de um som. Caso contrário, será perceptível um estalo.

E quanto à transição utilizada, a escolha é fácil: se houver uma continuidade no som, escolha uma transição estilo crossfade, caso haja uma interrupção no som, opte por uma que imponha um silêncio (no premiere, chama-se exponential fade).

E a linguística?

Às vezes, precisamos realizar uma verdadeira colagem para salvar um trecho que de outra maneira estaria inutilizável. Por exemplo, o talento pode ter gaguejado várias vezes no meio de uma palavra, se corrigido, feito pausas não-naturais à fala, etc. Nesse caso, pode ser necessário cortar uma palavra na metade. Porém, é necessário saber onde unir os sons.

Exemplo de erro: "para cortar cebolas é necessário ter uma faca... ééééé... uma faca afiada".

Onde cortar? Primeiro, precisamos escutar a entonação. Provavelmente, se cortarmos após o primeiro "faca", o "afiada" vai ficar desconectado. Mas, dentro da palavra "faca" podemos cortar no f, no primeiro a, no c, no segundo a...

De modo geral, vamos cortar em uma consoante.

Se cortarmos no f, podemos cortar na metade do primeiro f e juntar com a metade do segundo f.

Se cortarmos no c, o corte ideal provavelmente será diferente: iremos cortar logo antes do primeiro c e juntaremos com o segundo c, logo no seu início.

Evite ao máximo cortar em vogais pois é nelas que mais se percebe a mudança de entonação.

Na minha experiência, percebi que nas letras que "explodem" como p, b, t, d, etc (oclusivas), usamos o corte antes do som da letra. Nas letras que "continuam", como f, s, r, etc (fricativas e vibrantes), o corte vai no meio do som da letra.

Além disso, algumas consoantes também não dão bons cortes, como m, n e l.

O quadro abaixo ajuda a visualizar melhor:

imagem retirada do site portugues.com.br

Esse post é apenas uma esquematização do que observei na minha própria experiência. Edição definitivamente não é uma ciência exata e não se tratam de regras. Entretanto, com o passar do tempo, fui encontrando certos padrões, que elaborei aqui nesse post. Espero ter ajudado!